Dietas entram e saem da moda todos os anos, sempre com a mesma promessa: emagrecer em poucos dias. Na esteira de lançamentos, o best-seller A Dieta dos 17 Dias (Sextante, 240 páginas), lançado em setembro no Brasil, promete a redução de até 5 quilos neste período. O autor, o médico norte-americano Mike Moreno, cria um programa com a ingestão de alimentos que aceleram a taxa de metabolismo e, portanto, a queima calórica. O foco está nas proteínas magras, carboidratos de absorção complexa e nas chamadas gorduras do bem. Além disso, o manual inclui atividade física, entre 17 a 45 minutos por dia.
A nova dieta da moda tem fundamento, porém, não é revolucionária. Na verdade, por mais mirabolantes que sejam os nomes dos programas emagrecedores que ainda estão por vir, é pouco provável que reinventem premissas universais. A dobradinha entre reeducação alimentar e exercício físico é a fórmula para manter a forma – e a saúde. “A maioria das dietas para emagrecer se divide em dois grupos: redução de calorias ou restrição de carboidratos”, afirma o endocrinologista Geraldo Santana, diretor do Instituto Mineiro de Endocrinologia. Na página ao lado, confira os prós e contras de cada uma delas e veja qual se encaixa mais no seu perfil.
No senso comum, as dietas hipocalóricas atendem pela expressão fechar a boca. Não é bem assim. O mecanismo é matemático: você deve consumir menos calorias do que gasta. Dessa forma, o organismo reutiliza as calorias estocadas na forma de gordura e, assim, perde peso.
Todos os grupos alimentares estão permitidos, mas com parcimônia. Um método bastante comum é a Dieta dos Pontos, proposta pela organização Vigilantes do Peso. "Cada alimento tem uma pontuação diferente, de acordo com o número de calorias", descreve o nutricionista Guilherme da Matta. A expectativa é que a pessoa se habitue ao novo padrão alimentar dentro de algumas semanas e, aos poucos, se desligue dos pontos. "A vantagem desse programa alimentar é que ele permite compensações. Se a pessoa exagera em um dia da semana, basta se controlar nos dias seguintes", diz o endocrinologista Geraldo Santana.
O problema, mais uma vez, são os radicalismos, como as dietas da sopa, da papinha, do suco... Nesses métodos mirabolantes, a pessoa diminui drasticamente a quantidade de calorias e a diversificação dos nutrientes. “Eles até trazem resultados na balança, mas não prezam a qualidade da alimentação”, desaprova da Matta.
Dieta com redução de carboidratosOs carboidratos de absorção rápida – doces, pães, massas, biscoitos e farináceos refinados em geral – assumiram o papel de vilões com a polêmica dieta do cardiologista norte-americano Robert Atkins, criada na década de 1970 e revisitada em 2000. Este programa propõe a livre ingestão de carnes, embutidos, queijos e ovos e restrição do consumo de carboidratos a 40 g diárias.
Atualmente, uma dieta com consumo excessivo de proteinas e gorduras não é recomendada pois pode sobrecarregar a função renal e hepática em pacientes predispostos, além de criar hábitos errados de alimentação. "O benefício, já demonstrado em diversos estudos, não está no excesso de proteinas, mas na restrição dos carboidratos simples. Eles provocam aumento da produção de insulina, facilitando o acúmulo de gordura", explica o endocrinologista Geraldo Santana.
Em contrapartida, o cardápio com restrição de carboidratos promove significativa queda da produção de insulina, forçando o organismo a usar os estoques de gordura para as funções vitais e atividades diárias. "Com o passar das semanas, eles vão sendo gradativamente reinseridos, a fim de diversificar a alimentação e evitar a monotonia".
Para adotar essa dieta, o candidato deve ter dsciplina, especialmente na fase inicial. “Pequenos deslizes podem fazer o paciente voltar à estaca zero”, diz Santana. Vale lembrar também que a restrição deve ser temporária e supervisionada. Para uma alimentação saudável, deve-se trocar os carboidratos de absorção simples pelos de absorção complexa. “Afinal, são eles os nutrientes que mantêm a massa muscular”, contrapõe o nutricionista Guilherme da Matta.
O nome já diz tudo: eles diminuem a vontade de comer. Por terem maior quantidade de fibras solúveis ou proteínas, a digestão é mais demorada, o que aumenta a sensação de saciedade. Anote aí: aveia, banana, abacate, abóbora, cenoura, óleo de coco, nozes, castanhas, grãos, queijos, alimentos integrais e carnes.
Alimentos termogênicosNão despreze o potencial dos alimentos termogênicos. Eles contêm nutrientes que auxiliam a queima calórica e facilitam o uso da gordura armazenada. São eles: chá-verde, pimenta, canela, gengibre, azeite, óleo de coco, uva, alho e castanhas.
Alimentos de baixo Índice GlicêmicoO Índice Glicêmico (IG) dos alimentos é medido por sua capacidade de elevar o açúcar do sangue uma hora após sua ingestão. “Abaixo de 55, eles liberam glicose de forma mais lenta para o sangue, reduzindo o acúmulo de gordura”, afirma a nutricionista Sarah Monteiro. Sua digestão é mais lenta, o que retarda a absorção de carboidratos e diminui a secreção de insulina. Alguns exemplos: ameixa, damasco, pêssego, ervilha, grão-de-bico, feijão, lentilhas e soja.
Em alguns casos de obesidade, os remédios para emagrecer podem ser necessários, desde que tenham supervisão médica. No Brasil, os principais medicamentos disponíveis são o orlistate e a sibutramina.
Desconfie dos efeitos milagrosos prometidos pelos fitoterápicos, como pholia-negra, óleo-de-cártamo e pinho-coreano. “Embora alguns pacientes já tenham notado efeito positivo, as evidências científicas que comprovam esses benefícios são escassas em humanos”, alerta Geraldo Santana.
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