A estatura é um atributo físico valorizado socialmente e, com frequência, motivo de preocupação dos pais. Do ponto de vista clínico, a baixa estatura ou crescimento deficiente ocorre quando a criança apresenta uma altura abaixo da esperada se comparada à população geral, uma altura abaixo do potencial de estatura familiar ou uma velocidade de crescimento abaixo da esperada para a faixa de idade.
A subnutrição é uma causa importante de baixa estatura e pode estar relacionada a alterações do apetite, maus hábitos alimentares ou problemas de absorção intestinal. Doenças genéticas, respiratórias, renais, intestinais e cardíacas podem afetar o crescimento, além de fatores comportamentais como sedentarismo, carência afetiva e sono inadequado. Entre as causas hormonais, as principais são o hipotireoidismo e a deficiência do hormônio de crescimento.
Confirmada a baixa estatura, uma radiografia para avaliação da idade óssea é sempre solicitada. Quando o raio-X indica que a idade óssea está atrasada, significa que a criança apresenta potencial para crescer mais do que o esperado para a sua idade cronológica, mas deve-se investigar se há algum problema hormonal ou de saúde que esteja causando esse atraso. Uma idade óssea adiantada, por si só, não é um problema desde que a estatura esteja compatível com esse achado. Exames de laboratório também podem ser necessários de acordo com a avaliação clínica.
O tratamento da baixa estatura varia de acordo com as causas encontradas. A primeira abordagem envolve a correção de erros alimentares, principalmente em relação ao consumo de proteínas, cálcio, ferro, zinco e complexo B. Além disso, recomenda- -se o estímulo à atividade física, adequação do sono e a manutenção da vitamina D em nível suficiente. O hormônio de crescimento está formalmente indicado quando há confirmação de sua deficiência, mas seu uso também pode ser considerado nos casos de baixa estatura familiar ou constitucional, que não respondem ao tratamento usual.
Embora alguns sinais eventualmente já possam ser percebidos na infância, é comum os pais só procurarem orientação especializada após a puberdade, quando começa a afetar a autoestima do adolescente em razão da demanda social da estatura. Nessa época, entretanto, as possibilidades de tratamento podem ficar diminuídas, pois as epífises ósseas já se encontram em processo de fechamento adiantado devido à ação dos hormônios da puberdade.
Mesmo com todo o avanço da medicina, grande parte da estatura final ainda depende do potencial genético. Atualmente, é possível corrigir carências nutricionais, repor deficiências hormonais e até bloquear hormônios que aceleram o fechamento das epífises ósseas para que seu potencial seja aproveitado ao máximo. Porém, quando os ossos atingem a maturação completa, o que normalmente ocorre por volta de 18 a 19 anos, medicamentos ou hormônios não trazem mais benefícios para ganho de estatura.
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